A PEDÓFILA
“E eu mesma tenho uma amiga que é pedófila...”
“Mas o que é isso, mulher? Nem fala uma coisa dessas!...”
“Ué, o que é que tem de mais?”
“Como assim, o que é que tem de mais? É uma imoralidade!...”
“Mas por quê? Qual é o problema?”
“Uma amiga pedófila e tu acha que não tem problema?”
“Desculpa, eu não estou conseguindo te entender. Ou eu sou muito burra ou sei lá o quê, mas o fato é que eu não consigo enxergar problema nisso! Tem gente que é uma coisa, tem gente que é outra, ela é isso mesmo – o mundo é feito de gente de todos os tipos.”
“Pode até ser, mas isso é um escândalo. Desculpa, eu não consigo aceitar esta tua amizade como algo normal! Para mim, é uma aberração, o fim da picada!...”
“Capaz!... Semana que vem, até vou levar o meu filho para ela ver.”
“Como é que é?? O teu filho? O teu? O Wanderson?”
“É, ele mesmo. Mas qual é o escândalo?”
“Zulmira, o Wanderson tem doze anos!...”
“E por acaso quem tem doze anos não pode ter unha encravada?”
“Mas o que é que uma unha encravada tem a ver com esta história??”
“Ué, o Wanderson tá com uma unha encravada e eu marquei hora com esta minha amiga para ver se ela resolve.”
“Resolve como?”
“Ela trata das unhas das pessoas. Unhas dos pés, unhas das mãos. É esse o trabalho dela...”
“Ah, ela trabalha cuidando das unhas das pessoas. Então ela é uma podóloga?
“Isso.”
“ Po-dó-lo-ga, amiga! Podóloga, ainda bem! Podóloga, maravilha!”
“Mas e não é isso que eu estou falando desde o início??”
Outros Contos
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