2016
Passo o ano inteiro escrevendo pequenas peças ficcionais para esta coluna. Toda semana, um conto novo, desde 2003, sem falhar um domingo. São mais de seiscentos contos, ao longo deste tempo – olho para trás e me espanto com este número inimaginável.
Mas, no início do ano, sempre me permito escrever um texto de não-ficção, algo que traga a idéia e vontade apenas do Henrique mesmo, sem a máscara ou as cores de qualquer personagem, para desejar a todas e todos aquilo que desejo para mim neste 2016 cujos dias recém iniciam: leveza.
Leveza, sempre. E a conseqüente paz de espírito.
Sei, o ano que passou não foi dos mais leves. Andou o tempo inteiro vestido com umas roupas pesadas, e muita coisa contribuiu para isso: a situação, as incertezas, as discussões, o mundo. E também nós mesmos.
Porque sigo achando que estamos muito pesados em nossos cotidianos, desculpando a nós próprios por estes pesos, ao tempo em que colocamos a culpa na situação – e nem sempre nos damos conta de que também somos parte desta situação. Se estou de mau humor, pensamos, é só porque o mundo também está.
Mas não.
E veja-se que o peso anda no mundo real e também no virtual (que, aliás, precisa ser apenas um bom complemento para a vida, e não uma substituição à ela). Antes de fazer uma postagem ou repassar algum arquivo pelas redes sociais, sempre é bom tirar um tempinho – um minuto, que seja - para pensar bem, corrigir, verificar se aquilo que se está compartilhando é mesmo verdade ou, em muitas vezes, simplesmente esfriar a cabeça.
Não é por acaso que dizem que o travesseiro é sempre um bom conselheiro. Pensar um pouquinho mais, dar a cada assunto um segundo pensar, isso só faz bem – ou para decidirmos não dizer, ou para dizermos melhor. Ficar transmitindo raiva gratuita certamente não nos deixará mais leves, muito menos felizes. E discurso de ódio não é liberdade de expressão.
Enfim, é preciso tirar o peso de nós mesmos, para que a vida ao redor da gente também fique mais leve. Como costumo dizer: se cada um de nós buzinar uma vez a menos por dia, todos chegaremos em casa com menos barulho em nossos ouvidos.
E então, mesmo com o peso do ano recém encerrado, sigo desejando leveza e paz de espírito a todas e todos.
E que 2016 seja um grande ano para nós. Desejamos, precisamos e merecemos.
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