JANICE QUANDO CHEGOU
Quando abri a porta, Janice não disse nada: simplesmente me abraçou como se daquele abraço lhe dependesse a vida, depois me beijou até que ambos perdêssemos docemente o fôlego. Deu-nos apenas o tempo de voltarmos ao ar e à gana, então repetiu o beijo que me trouxe o gosto de maravilhas nunca sentidas. De algo que não sei nem quero explicar.
Então disse em meu ouvido que estava com todas as saudades do mundo, e que por isto estas saudades não cabiam inteiras em seu peito. Pegou minha mão e colocou-as sobre o seio, a fim de que eu percebesse tanta a saudade, e era um palpitar prestes a romper a pele de tão intenso. Olhou-me com a brevidade que poderia iluminar um mundo, e então voltou ao meu ouvido para dizer que estava muito feliz, muito feliz, que estas duas semanas depois de haver me conhecido eram as melhores de toda a sua vida. Eu quis responder que, que, que, mas apenas gaguejei alguma bobagem desimportante que já estava esquecida antes de ser dita, enquanto ela apenas colocava o dedo sobre minha boca para que eu calasse, e eu senti naquela mão sem peso um aroma feliz de alfazema. < /p>
Janice então fechou a porta e olhou para os lados, a mão sobre a minha mão. Depois, por alguma breve e repentina vergonha, perguntou se havia mais alguém em casa. Não, balbuciei eu, antes que resolvesse pensar e torcendo para que minha resposta fosse verdade.
Olhou-me outra vez, e seus olhos foram flechas ardentes quando disse que me amava.
Antes que eu pudesse (quisesse) dizer alguma coisa, despiu-se e me despiu.
Depois, foi o paraíso.
Há cinco dias, isso.
Desde então, não consigo parar de pensar em Janice, por quem estou apaixonado.
Janice. A nova namorada de meu irmão gêmeo.
Outros Contos
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