OCORRÊNCIA POLICIAL

;que conhece o acusado há dois ou três anos, não sabe precisar bem; que se conhecem por aí, dos bares, botequins, sinucas; que o acusado é praticante de luta livre e se apresenta assim profissionalmente; que foi a vítima quem procurou o acusado; que tem vergonha de contar, mas vai fazê-lo, por isso veio até aqui; que a vítima recém havia começado a namorar a moça de nome Deisiane de Tal; que Deisiane é muito linda e querida; que a vítima achou que ela poderia ser a mulher da sua vida e se apaixonou no primeiro momento em que a viu; que ratifica integralmente a frase anterior, é isso mesmo; mas que achou que gostava mais de Deisiane do que Deisiane gostava dele; que Deisiane às vezes não lhe dava muita bola; que achou que deveria impressionar a namorada, para que ela se apaixonasse de vez; que foi por esta razão que procurou o acusado; q ue propôs ao acusado uma encenação; que este fingisse provocar a vítima quando esta estivesse na companhia de Deisiane; que então a vítima reagiria, em defesa da namorada, e daria uma surra no acusado; uma surra de mentira, certo; este era o arranjo; que a vítima pagou ao acusado certa quantia; que o pagamento foi feito parte em dinheiro, parte em vales-transporte; que o acusado exigiu o pagamento adiantado, com o que concordou a vítima; que concordou porque estava muito apaixonado; que na data combinada, efetivamente o acusado o provocou por diversas vezes, encarando acintosamente a namorada da vítima e qualificando-a de adjetivos tais como ´gostosa´ e ´tesuda’; que, conforme o combinado e pago, a vítima reagiu, partindo para cima do acusado; que, para surpresa da vítima, o acusado em nenhum momento colaborou com os golpes, como haviam acertado as partes; que o acusado não fingiu estar perdendo a luta; que, ao contrário, reagiu com força descomunal; que, enquanto brigavam, a vítima ficou assustada e conseguiu sussurrar ao acusado para lembrá-lo da combinação e do pagamento havido; que naquele momento o acusado mandou a vítima ´tomar nas pregas”; que, incontinenti, o acusado acertou fortíssimo golpe no nariz da vítima, que desmaiou imediatamente; que a vítima acordou sozinho, não sabe quanto tempo depois; que não, Deisiane não estava lá; que a vítima foi para o pronto-socorro, sendo constatada a fratura no nariz; que por isso está falando fanhoso deste jeito; que os fatos aconteceram na semana passada; que só veio à delegacia na data de hoje porque estava cuidando do nariz; que deseja registrar que o acusado não cumpriu o combinado e ficou com o dinheiro da vítima; que a vítima considera que tal ato é roubo ou algo semelhante; que por isso está dando parte do ocorrido; que, ao que sabe, a moça de nome Deisiane agora está com o acusado; mas que sobre isso a vítima não deseja se manifestar;

Outros Contos


O GÊNIO NA VIDA DE VICENTE

O CELULAR DO MEU FILHO

A MÃE E A FADA DO DENTE

AINDA CARNAVAL

ELE NÃO CHOROU

ALGUÉM SABE

EMÍLIA AO TELEFONE

MENELAU

NO CAFÉ

AS COTAS

MAX, QUE TRATA BEM AS PALAVRAS

SE EU TIVESSE VINTE ANOS A MENOS

AMIGOS IMAGINÁRIOS

QUALQUER DIA QUE NÃO SEJA 8 DE MARÇO

AINDA GILDA

A MENTE COLORIDA

O AUMENTO (versão final)

DANÇAR A DANÇA INVISÍVEL

A CULPA É DELA

MEU NOVO VIZINHO

 

 

 
 

 


Prêmio que agraciou Henrique Schneider é um dos principais concursos do Brasil


Entrevista: o processo de criação de Setenta


Henrique Schneider palestra no Festival Literário dos Campos Gerais